Todos os grandes premiados que você viu (ou deveria ter visto) para se inspirar no Cannes Lions 2015

Se você foi ao Cannes Lions 2015, provavelmente viu (ou deveria) todos esses cases. E mesmo assim, com certeza, vale a pena rever. Se não foi, a gente entrega de bandeja a maioria dos trabalhos que mais se destacaram por serem criativos e inspiradores durante o festival (afinal, é esse o nosso papel!). Dê o play naquilo que te chamar atenção, guarde o link para a posteridade, indique aqueles que deveriam ter entrado e não entraram. Beba da fonte para que, no ano que vem, trabalhos ainda mais incríveis estejam por essas páginas. Bom divertimento!

“The Gun Shop” foi um marco do festival, ganhando prêmios em diversas áreas. A ideia? Montar uma loja que vende armas usadas no meio de Nova York. Cada uma delas, porém, tem uma história – geralmente nada simpática. O resultado? Todo mundo sai de lá sem vontade alguma de comprar. Criação da Grey Nova York para o movimento Anti-Gun Violence.

 

 

Uma ação de fácil entendimento e extremamente efetiva, “The marathon Walker” levava uma mulher africana, acostumada a caminhar quilômetros todos os dias apenas para encontrar água minimamente limpa, às tradicionais provas de maratona. Com um galão na cabeça, ela trazia junto ao corpo a mensagem em questão em um cartaz, pedindo ajuda. Campanha da Ogilvy Paris para Water for Africa.

 

 

 

Ah, os japoneses… para divulgar a operadora de dados móveis LTE Ducomo, a AOI PRO, de Tóquio, desenvolveu uma traquitana que, com a ajuda de um canhão, preparava camarões empanados e fritos em nada mais que três segundos!

 

 

Em meio à enorme discussão atual sobre a ausência de diferenças entre homo e heterossexuais, o Burger King já havia pego carona no assunto há cerca de um ano, quando lançou o “Proud Whopper”, criado pela David Miami. Lançado na Parada Gay de San Francisco no ano passado, tratava-se de uma “versão gay” do sanduíche da rede fast-food, mas que no final era exatamente igual ao “tradicional”.

 

 

“I wil what I want” é o case completo que divulgou a marca Under Armor ao redor do mundo. Ganhador do Grand Prix de Cyber, o case tem como peça principal um filme protagonizado por Gisele Bündchen, mostrando a dualidade de interpretação entre a figura angelical e a mulher forte. Criação da Droga5 Nova York. O case online pode ser visto aqui:

 

 

#LikeaGirl colecionou prêmios no Cannes Lions 2015, com destaque para o Grand Prix de PR pela estratégia de relações públicas do case. Elaborado pela Leo Burnett Toronto para Always, o trabalho mostrava como meninas jovens enxergavam a expressão de fazer algo “como uma garota” de forma muito mais pura e interessante que homens e mulheres em idade mais avançada.

 

 

A Honda divulgou o Civic Type R, modelo esportivo da montadora japonesa, com um vídeo interativo no YouTube. “The other side”, criado pela Widen+Kennedy Londres, mostrava duas histórias paralelas, que acontecem em praticamente os mesmos lugares, mas com enredos totalmente distintos. O “diretor” é o próprio espectador, que apertando ou soltando “R” no teclado decide qual dos vídeos aparece na tela. Assista ao trailer abaixo e veja a experiência real aqui.

 

 

Foram dois os Grand Prix de Film Lions este ano, um tradicional, voltado aos comerciais publicitários; e outro para filmes direcionados à internet. O primeiro deles foi pela primeira vez brasileiro: “100”, da F/Nazca S&S para Leica. Produção aclamada pelos jurados do festival, o trabalho faz uma linda homenagem à história da fotografia, relacionando a marca de câmeras à sua evolução.

 

 

O segundo GP é um case que simplesmente transforma uma das mídias mais odiadas pelo público, os pre-rolls de vídeos obrigatórios no YouTube, em peças que o espectador simplesmente não consegue pular (e por vontade própria). Assista abaixo duas peças da campanha “Unskippable”, da americana The Martin Agency para Geico, e tire suas conclusões.

 

 

“Touch the pickles” foi o primeiro GP da estreante Glass Lions no festival. A premiação especial nasceu para destacar trabalhos que diminuam a diferença social entre gêneros. O case combatia um estranho mas real mito indiano: de que mulheres menstruadas não poderiam tocar em potes de picles, ou eles estragariam. O que se iniciou com um filme de 30 segundos, tornou-se um enorme movimento nacional em favor dos direitos da mulher. Criação da BBDO India Mumbai para a marca de absorventes Whisper.

 

 

Muitas pessoas morrem na Argentina por causa de acidentes de trânsito, sobretudo na estrada. Uma das principais razões são as ultrapassagens perigosas, principalmente de caminhões. Pensando nisso, a Leo Burnett Argentina desenvolveu “Safety truck”, case que transformou a traseira dos caminhões da Samsung em grandes telas que mostram ao motorista como está a situação à frente do veículo, facilitando a ultrapassagem.

 

 

“The banner that makes you love banners” transformou o retargeting – aquela tecnologia que faz algumas mensagens publicitárias seguirem você em todos os sites que você vá – em algo pertinente. O case desenvolvido pela BBDO Russia para 3M deixa que você use esse espaço para você transformar os banners em Post-its que você pode personalizar com aquilo que realmente quer ver – ou não quer esquecer.

 

 

Você é daqueles que faz qualquer coisa para achar um wi-fi? Pensando nisso, a Deutsche Telekom apresentou o serviço falso “Wi-fi Dogs”, empresa que treina cachorros para encontrar a rede wireless liberada. Depois de mostrar o quanto você pode perder tempo precioso procurando por Wi-fi, a empresa apresenta seu serviço de dados. Criação da DDB Berlim que vale o play!

 

 

“Lifepaint” não vende carros, apesar de ser a campanha lançada pela Volvo e vencedora do Grand Prix de Design. Ao contrário: ela nasceu para salvar vidas de ciclistas. Não é um comercial, e sim um produto: um spray invisível em condições normais, mas que no escuro, e iluminado por faróis, torna-se extremamente reflexivo e chamativo. Ação da Grey Londres que gera uma enorme simpatia pela marca, além de milhões em mídia espontânea.

 

 

Mais um ponto para a Volvo: “Interception”, criado pela Grey NY. Sem comprar espaço publicitário durante o Super Bowl, maior evento televisivo dos Estados Unidos, a montadora convidava o público a “interceptar” – jogada clássica do futebol americano – o concorrente via Twitter, com a hashtag #VolvoContest, sempre que outra montadora aparecesse nos intervalos. Como prêmio, a Volvo distribuiria carros para as pessoas citadas em cada tweet. Como resultado, a marca aparecia muito mais nas redes sociais do que os próprios anunciantes, que pagavam milhões de dólares para estar naquele intervalo.

 

 

“Makeup genius” é o case de melhor uso do mobile que eu já vi. Criado pela McCann Paris para L’Óreal, ele não só mostra as centenas de opções de maquiagens que a marca oferece, mas apresenta da forma mais real possível como a potencial consumidora ficaria com ele. Depois de se ver com os produtos da forma mais real possível, ela ainda pode comprar o que quiser ali, na hora, ou dividir com amigas as imagens usando a maquiagem escolhida. Tecnologia e criatividade unidas de verdade.

 

 

“Monty’s Christmas” venceu o Grand Prix de Film Craft, que destaca a qualidade da produção audiovisual. Mas o comercial criado pela Adam & Eve DDB (Londres) para a rede de lojas John Lewis é bem mais que isso. Sabe aquele papo de “storytelling”? É isso, só que sem o papo chato. Uma história muito bem contada, com propósito, pertinência e produção impecável. Prepare o lenço e dê o play!

 

 

“This girl can” é mais um filme primoroso que destaca a força de vontade e o valor da mulher, muito acima de qualquer estereótipo. Criado pela Somesuch Londres para a marca Sport England. Aí vai:

 

 

Vincent é um afinador de pianos que tem medo de grandes públicos. Tem um enorme talento, mas que só sua família – e olhe lá – tiveram o prazer de conhecer. Para mudar isso, a Papamusic Buenos Aires idealizou uma pegadinha: fazer Vincent testar o piano de uma casa de espetáculos teoricamente vazia, mas com o maior público que ele jamais imaginou. A Buchanan’s se apropriou da história e levou um Leão de ouro em Film Craft:

 

 

“Todo mundo é gay” levantou a plateia do Palais des Festivals durante a cerimônia de encerramento do Cannes Lions 2015. O filme criado pela brasileira Neogama/BBH para o festival Mix Brasil mostra como o evento é para todo mundo, sem rótulos, sem censura.

 

 

“War on drugo” é outro brasileiro que conquistou o júri. Criado pela AlmapBBDO para o Instituto Igarapé, o filme em stop-motion tem como meta ilustrar, de forma lúdica, como funciona a guerra às drogas, além de gerar debate sobre o tema.

 

 

Uma série de travestis desfilando seu charme e tomando sorvete de forma sensual. Um minuto segurando os olhos do espectador para destacar que “O prazer tem mais que uma camada”. A sacada é da espanhola Lola Lowe para o sorvete Magnum, da Unilever.

 

 

Old Spice é Leão de ouro garantido no Festival. Em 2010, levou o Grand Prix com o já clássico “The man your your man could smell like”. Este ano o prêmio foi para “Mom & Dad song”, a dualidade de pais e mães vendo o filho crescer, sempre caprichando no humor non-sense. Criação da Wieden+Kennedy Portland.

 

 

“Ripple” mostra um pequeno garoto que desde bebê se interessa por golf. Fã de Tiger Woods, ele passa a juventude e adolescência se dedicando ao esporte em todas as esferas da vida. Ao final, o aluno supera o mestre. História muito bem contada pela Nike, também pelas mãos da Wieden+Kennedy Portland.

 

 

Barack Obama é o político que melhor utiliza memes e a internet no geral para divulgar as causas que tem interesse. E em parceria com o genial Zach Galifianakis, em seu programa “Between two ferns”, a Funny or Die Los Angeles criou um case de enorme sucesso para a Casa Branca, para que, de forma natural e muito bem humorada, Obama pudesse destacar seu plano em relação à saúde.

 

 

Um relato extremamente verossímil do porquê de não existirem unicórnios na Terra. “Os unicórnios”, história bolada pelos caras da BETC Paris para o Canal +, da TV francesa.

 

 

O Innovation Lions destacou como Grand Prix o trabalho “What3Words”, realizado pela empresa britânica de mesmo nome que, utilizando geolocalização e palavras-chave, mapeou o mundo todo com uma série de endereços compostos por três palavras. No total, foram gerados 57 trilhões de “espaços” de três metros quadrados para destacar pessoas que precisam de ajuda por simplesmente não ter um endereço para morar.

 

 

A Vodafone criou, juntamente com a Y&R Team Red Istambul, um aplicativo para que as mulheres denunciassem abuso e violência na Turquia da forma mais sorrateira possível. E ganhou o Grand Prix de Media por ter conseguido divulgá-lo amplamente sem que qualquer homem percebesse. Veja como no case “Red light application”:

 

 

Realidade virtual ainda está longe do alcance geral da população? Não se o Google puder ajudar. Com criação da operação interna americana Google Montain View, passou a ser possível transformar uma caixa de papelão e seu smartphone em uma “sofisticada” engrenagem de realidade virtual. E “Cardboard” valeu o Grand Prix de Mobile:

 

 

O Grand Prix de Press, que destaca o trabalho mais interessante idealizado para a mídia impressa, ficou com a La Comunidad Miami em campanha para a Prefeitura de Buenos Aires, incentivando o uso de bicicletas. Veja dois dos anúncios da campanha abaixo:

 

Trabalho vencedor do GP de Press

 

“A arte de esperar”, da Grey Brasil para o Reclame Aqui, é outro brasileiro premiado. Destacando quanto as empresas falham em atender bem os clientes por telefone, um artista mostrou que dá tempo de produzir uma grande obra de arte enquanto o call Center sequer realiza operações simples para os clientes.

 

 

O GP de Product Design foi para “The Lucky Iron Fish Project”, projeto criado pela Geometry Dubai para a ONG The Lucky Iron Fish – ou supostamente, já que a autoria gerou grande polêmica durante o festival (leia mais aqui). A ideia consistia em usar o “peixe de metal da sorte” para cozinhar, provendo assim nutrientes como ferro na culinária do Camboja, local famoso por seu alto índice de anemia.

 

 

Uma corrida contra o tempo para fotografar o pôr do sol em todos os lugares onde ele está se pondo. Esse é o minidocumentário “Chasing Horizons” financiado pela marca de relógios Citizen, em trabalho da Wieden+Kennedy Amsterdã, que também vale ver para se inspirar.

 

 

“Mães segurança” partiu do princípio de que ninguém quer fazer besteira com a mãe do lado. Então, por que não usar as mães de torcedores baderneiros como seguranças das arquibancadas? Um dos trabalhos brasileiros de destaque no Cannes Lions, da Ogilvy Brasil para o Sport Club Recife.

 

 

“Re2pect” foi considerada a campanha integrada de maior destaque do festival, merecendo o Grand Prix da divisão. Conta a história da aposentadoria de Derek Jeter, icônico jogador de baseball que era admirado não só pelos torcedores dos Yankees, onde atuava no último ano da carreira, mas pela maioria dos fãs do esporte. Começou com um comercial, mas o ato de “tirar o chapéu” para Jeter ganhou todas as mídias e a participação espontânea de milhões de adeptos. Criação da Wieden+Kennedy NY para Jordan Brand.

 

 

A americana Crispin Porter de Boulder levou o GP de Titanium, que celebra a “big Idea” do festival, com um emoticon. É isso. Para Domino’s, a agência desenvolveu “Emoji Ordering”: um case em que possibilitava qualquer consumidor americano que já tivesse um pré-cadastro a pedir uma pizza apenas ao tweetar o ícone do produto.

 

 

É relativamente comum que atletas de rugby percam dentes durante a carreira. Argentinos amam rugby, assim como amam cerveja e criatividade. Juntando tudo isso, a Ogilvy & Mather de Buenos Aires desenvolveu o case “Beer tooth implant”, para a cerveja Salta. Não apenas devolveram a dignidade de um sorriso completo a diversos atletas, como deram uma nova funcionalidade aos pré-molares implantados: eles viraram abridores de garrafa!

 

 

Wunsiedel é uma pequena cidade alemã que recebe uma das maiores mobilizações nazistas ainda existentes naquele país: uma marcha de neo-nazistas pelo orgulho daquilo que a grande maioria dos germânicos quer esquecer. E foi pensando no percurso tradicional que a GGH Lowe de Hamburgo criou uma ação especial para a secretaria de cultura e democracia local: uma forma dos próprios rebeldes lutarem contra sua causa. “Nazis agains nazis” espalhou cartazes pelo caminho pré-estabelecido pelos neo-nazistas oferecendo 10 euros de doações a cada metro que eles marchassem, tudo dedicado a campanhas contra o neo-nazismo. No final, 10 mil euros foram reunidos com a “ajuda” dos próprios combatidos.

 

 

Uma campanha cheia de outdoors com imagens bonitas. Seria comum, se não fosse tão bem dirigida à venda de um produto. A ação de levar as fotos tiradas pelos próprios usuários com o novo iPhone 6, com qualidade incomum para aquelas captadas pelo celular, rendeu à TWBA\Media Labs, de Los Angeles, o GP de Outdoor pela ação “World Gallery”, para Apple.

 

 

A maioria das próteses pensadas para deficientes são idealizadas para corpos adultos. Além da dificuldade de “encaixá-las” nas crianças, elas muitas vezes não se sentem confortáveis com algo tão antinatural. Foi para solucionar esse problema que a Publicis Colômbia desenvolveu o “Funtastic Hand”, para a fundação Cirec, que leva “poderes” aos membros a serem implantados a crianças. Leão de Product Design.

 

 

Para ver “Quem merece uma Les Paul” na Suécia, a Gibson, juntamente com a Serviceplan Munique, utilizou o aplicativo Shazan, de reconhecimento musical, de uma forma criativa e inusitada. A marca lançou pôsteres com a partitura de um solo do guitarrista da banda sueca In Flames. Para ganhar o produto, o aspirante a vencedor deveria “convencer” o aplicativo de que seu solo é idêntico ao original.

 

 

“Conhecendo Murilo”, da brasileira Mood para a marca de fraldas Huggies, também conquistou Leões em Cannes este ano. Por meio de tecnologia de impressão 3D, a marca ofereceu a mães cegas a chance de “enxergar” os detalhes dos exames de ultra-som.

 

 

“Nivea Doll” foi outro case brasileiro de destaque. Criado pela FCB Brasil para Nivea, o boneco era distribuído para crianças e ficava extremamente vermelho em contato com o sol – a não ser que tivesse passado protetor solar. A ação auxiliava os pais a mostrarem para as crianças a importância de se utilizar os produtos.

 

 

Marc Dorcel é um dos principais produtores de conteúdo adulto na França. E encontrou, junto com a Marcel Paris, uma forma sensacional de mostrar a qualidade de seus filmes para o público-alvo sem entregar 100% daquilo que eles procuravam. Como? Durante um mês, qualquer um teve acesso a todo o acervo do site premium de sexo, mas com uma condição: se mantivesse as duas mãos no teclado. Sucesso e efetividade e exposição gratuita na mídia.

 

Sobre o autor
- Os principais achados da redação do Inspirad para inspirar você.