CANNES, ONDE SUA CAMPANHA PRECISA DE UMA CAMPANHA

Dez anos atrás, fui trabalhar na Africa, em São Paulo e o Nizan tinha resolvido colocar a agência para concorrer em Cannes pela primeira vez. Perguntei por quê ele, logo ele, não tinha tomado essa decisão anos antes, quando abriu a agência.

Disse o homem: “Cannes é que nem Fórmula 1. Tem até Grand Prix. Antigamente você corria só com o talento. Hoje tem que ter os melhores pilotos, os melhores designers, engenheiros, uma puta máquina, marcas grandes e muito investimento”.

Naquele ano, a Africa foi a segunda agência mais premiada do Cyber Lions, um ponto atrás da CP+B. Nizan estava vendo a coisa desse jeito há uma década, imagina hoje.

Corta pra ontem. Estava num bar com o Ícaro Dória, CCO da DDB NY e falávamos sobre a tal da máquina e do investimento.

A conclusão que a gente chegou foi que para ganhar num festival de ideias novas, você precisa de um planejamento de campanha como se fazia antigamente.

Pensa bem. Você tem uma puta ideia. Agora você precisa de:

– Planejamento: para acertar direitinho quem é seu público-alvo dentro do cliente. O que interessa pra esse público e qual a estratégia pra aprovar algo que, por ser fora da curva, não vai passar facinho.

Conseguiu. Produziu direito, botou na rua. A saga continua.

– PR: Como relevância e escala é moeda em festival, PR entra no plano e pode ajudar. Só tem um problema: PR não é atividade-fim das agências, nem todas fazem bem. E no desespero para conseguir uma manchetezinha para o case, a galera força a barra. Nem toda ideia, mesmo que seja genial, vai aparecer no NY Times, e nem precisa.

– Compra de “Mídia”: Inscrever virou compra de espaço. Como tem um número abissal de categorias, sua ideia precisa ser muito vista pelo júri para a mensagem não se perder. Vai que sua ideia passa justo na hora que um jurado resolve ir ao banheiro.

E finalmente a etapa mais casca grossa.

– Grupo de Pesquisa: porque afinal, o júri é um grupo de estranhos que nunca se viu antes, opinando e palpitando sobre uma campanha que você criou, comparando com outras, reprovando ou aprovando o que você fez. E aí, seja o que Deus quiser.

O festival está começando. Boa sorte pra quem trabalhou pra que ela viesse.

FABIO SEIDL
Enviado especial que agora promete parar de enrolar.

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CANNES, ONDE SUA CAMPANHA PRECISA DE UMA CAMPANHA

Sobre o autor
- Os principais achados da redação do Inspirad para inspirar você.