Sim, é necessário seguir instas de cachorros (ou similares) na sua rotina.
Na cultura coreana, existe um termo chamado “palí-palí” que significa: “rápido, rápido!”. Se o seu serviço não for assim, ele dificilmente durará muito tempo na Coreia do Sul, é algo intrínseco neles. Apesar de eu ter nascido aqui no Brasil, meus pais, tios e avós imigraram de lá, então não tinha como eu não ter sido criada com esta referência em casa. Na vida profissional, isso me trouxe muito foco e agilidade, me deixando mais rápida nas tarefas. Mas ao mesmo tempo, isso me trouxe uma exaustão mental e ansiedade que não tem sido fáceis de controlar.
Acredito que muitos de vocês que estão lendo este texto se relacionam com o meu problema, que está bem generalizado. O “palí-palí“ não está exclusivo na Coreia do Sul mais. O mundo instantâneo atual exige de nós essa alta eficiência constante, mas é difícil porque o nosso cérebro humano não tem uma atualização de software mensal como nossos smartphones, tornando-o mais ágil e com maior taxa de absorção de informações.
Semana passada nos nossos vídeos do #ReclameemCannes, a Bruna Calmon apresentou pra gente o Projeto Visual Diet (Dieta Visual), um estudo da M&C Saatchi, da fotógrafa Rankin e a agência MTArt que aponta os impactos das imagens que consumimos nas redes sociais.
Resumo do Google sobre a “Visual Diet” e seus criadores: todas as imagens que você vê no período de um dia. Todas. Sem. Exceção.
Você já parou pra contar por quantas imagens você é impactado diariamente? E mais, qual a influência dessas imagens no seu inconsciente?
O estudo faz uma analogia com o: se “você é o que você come”, então “você é o que você vê” também. A alta dose de imagens diária causa um efeito cumulativo no seu cérebro, afetando seu humor e sua percepção do mundo e de si mesmo. Se o conteúdo destas imagens for inadequado e com padrões de vidas praticamente inatingíveis, ele pode causar sérios problemas a sua saúde mental.
Voltando a minha montagem linda de filhotinhos no subtítulo do texto, eu tenho mudado drasticamente minha dieta visual nos últimos meses e eu necessito muito dessas coisinhas fofas no feed do meu Instagram para me tirar um pouco da bolha do meu trabalho e aliviar meu cansaço mental do dia a dia. Eu sei que é exagero, mas trabalhar com moda me fez criar três perfis de Instagram. Um pessoal, onde sigo somente meus amigos, família e cachorros (hihihi). Um profissional e um para pesquisa de marcas, inspiração e competidores. Esta foi minha maneira de organizar minha dieta visual, com o intuito de limitar a quantidade de imagens e informações que eu quero absorver em determinado período do dia.
A fadiga de conteúdo de tudo que nos persegue: Email, Whatsapp, Facebook, Apps de Notícias, Apps de Relacionamento, Jogos, Linkedin, Instagram e infinitos mais, deixa a commodity mais rara de se conseguir, ainda mais exausta: a atenção humana. Eu notei que uma época do meu dia a dia eu nem lembrava de respirar, mas lembrava de checar quantos likes minha selfie do Instagram teve. Cada notificação no celular era um gatilho de informações que tirava a atenção do que eu estava fazendo e afetava minha produtividade pessoal e profissional.
Foi com esse intuito do “bem-estar” do usuário que o Facebook decidiu retirar os likes do Instagram, para que as mídias sociais retornassem ao seu papel de conexão, sem a necessidade de reafirmação de seguidores ou curtidas. “Nós queremos que seja um lugar onde as pessoas gastem mais energia se conectando com pessoas e coisas que elas amam” disse Adam Mosseri, Head do Instagram. O teste começou no Canadá, expandiu para outros países como o Brasil e aparentemente veio para ficar. De acordo com Mia Garlick, diretora de políticas do Instagram da Australia: ”Esperamos que este teste remova a pressão de quantos likes um post recebe, assim você pode focar no compartilhamento de coisas que você ama”. Esta ação do Instagram naturalmente já pode ser o início de uma dieta visual global.
Como marcas, teremos que proteger a atenção e conexão humana, revisitar o senso de comunidade e fugir um pouco dos algoritmos para tornar a interação com o consumidor o mais natural possível e com foco no bem-estar dele. A marca de roupas esportivas Lululemon tem cases muito legais de ações focadas em meditação e aulas ao ar livre que conversam muito bem com a origem da marca que foi a confecção de roupas para praticar ioga. Você não precisa construir um ônibus de meditação como ela fez na foto abaixo, mas você pode fazer uma playlist no Spotify de meditação ou sons de chuva para seus clientes, relembrando-os de dar uma pausa para respirar durante o dia com um post/story no Instagram.
Este cansaço mental que sentimos todos os dias é realmente difícil de fugir, não vou negar. Mas como todo episódio de Black Mirror do Netflix nos lembra, o clichê sempre será: o problema não é a tecnologia, e sim, como lidamos com ela. Criar uma nova dieta visual para você é praticamente ressignificar boa parte do que as redes sociais te proporcionaram tanto positiva quanto negativamente. Pense em qual dieta visual é melhor para sua saúde física e mental para que as marcas comecem a entender seus novos comportamentos e adaptem as dietas visuais delas as suas. Elas só irão parar de patrocinar 1 milhão de posts todos os dias, quando nós estabelecermos novos comportamentos de consumo de conteúdo e focos de atenção.
Se você quiser ter um momento zen e respirar um pouco, segue uma playlist do meu app preferido de meditação chamado Headspace: