O Massacre de Charleston irá acabar com a Bandeira dos Confederados nos Estados Unidos?

Nas últimas semanas, um massacre em Charleston abalou os Estados Unidos. Dylann Storm Roof, de 21 anos, entrou atirando na Emanuel African Methodist Episcopal, igreja tradicionalmente frequentada por negros, e matou nove pessoas ligadas à congregação religiosa. O crime de ódio está sendo chamado de “terrorismo racial” (até a candidata à presidência Hillary Clinton o rotulou dessa forma) e levantou uma série de questões ligadas ao racismo.

Uma delas é diretamente ligada ao local onde o crime foi cometido: a Carolina do Sul. Antes do fim da Guerra Civil Americana (também chamada de Guerra de Secessão), o Estado pertencia aos Confederados, aliança que unia toda a região sulista dos EUA e era, em âmbito geral, favorável à escravidão e exploração de negros.

Como tradição, a bandeira dos Confederados (que sequer foi a bandeira oficial do movimento, mas sim a mais famosa por conta da Batalha de Gettysburg) sempre fez parte da cultura de alguns destes Estados, mas isso está para mudar – ao custo de muita polêmica e discussão. Por conta de seu valor simbólico, essa bandeira também é usada por muitos movimentos racistas como o Ku Klux Klan (KKK).

Para tentar findar – ou ao menos mitigar – essa herança racista e de ódio, os Governos do Alabama e da Virginia, Estados “sulistas” durante a Guerra de Secessão, ordenaram a retirada da bandeira de seus Capitólios, local de trabalho do Poder Executivo e símbolos máximos da representatividade estadual. A própria Carolina do Sul também tenta retirar a bandeira de um de seus memoriais, seguindo ordens da governadora Nikki Haley, mas ainda há uma lei que protege essa bandeira e impede a sua remoção, o que passa a envolver a Assembleia Legislativa local.

Vendas banidas

Fora da esfera pública, a bandeira já começa a sumir. Walmart, Amazon, eBay e Sears anunciaram que baniram as vendas da Confederate Flag e de todos os itens contendo sua imagem e semelhança. A Warner Bros. também suspendeu a venda de produtos com a bandeira, como o carro de “Dukes of Hazzard (traduzido no Brasil como “Os Gatões“). Mesmo pequenos lojistas, muitos deles com renda intimamente ligada ao turismo de “tradição” americano, também estão retirando os produtos de suas prateleiras.

“A decisão é consistente com a política de veto a produtos que glorifiquem o ódio, a violência e a intolerância racial”, diz a nota do eBay. Antes das vendas serem proibidas, as mercadorias com essa temática tiveram um aumento gigantesco de procura, de até 7.000%.

Símbolos

Foto: AP
Ainda há um movimento de resistência pela manutenção da bandeira, mas ao que tudo indica, ela deve mesmo sumir aos poucos da história dos Estados Unidos – ou ser cada vez mais forte em movimentos que apoiem o ódio e perder o potencial sentido positivo de sua herança cultural. Muitos americanos ainda celebram a bandeira como um ícone histórico, como explica o Gizmodo. Mas hoje, acontece com a Bandeira dos Confederados uma ressignificação, o mesmo que ocorreu com a suástica durante e após o Nazismo.

Também conhecida como “cruz gamada”, a suástica foi criada há mais de três mil anos e utilizada por diversas culturas, como celta, romana, maia e hindu (em sânscrito, suástica significa ‘aquilo que traz sorte’). Entretanto, adaptado e adotado pelo Partido Nazista como representante da luta ariana, o símbolo tornou-se amplamente relacionado ao Nazismo. A ideia original ainda é usada no Oriente com os seus valores originais, mas em âmbito geral, a primeira associação ao se ver uma suástica é com o movimento liderado por Adolf Hitler.

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