Grupo pop coreano que lotou o estádio do Palmeiras
Se você em São Paulo mora perto do Palestra Itália, sabe bem o “rolê” que foi sair de casa no final de semana dos dias 25-26 de maio de 2019. Meninas acampando na rua e você talvez sem saber quem estava vindo, até que descobriu que a culpa era de um grupo coreano chamado BTS do gênero Kpop (Korean Pop). Não é a primeira vez que um grupo pop coreano vem ao Brasil, mas com certeza o BTS é o primeiro que veio com toda essa magnitude internacional.
Resumo do Google sobre o BTS ou Bangtan Boys: são 7 membros – Jin, Suga, J-Hope, RM, Jimin, V e Jungkook – surgiram em 2013 com a produtora Big Hit Entertainment e o seu fã clube se chama Army.
Meninas/os do Army de todo nosso amado Brasil, me perdoem pelo o que eu vou falar agora. Eu lembro em 2017 quando estava assistindo o American Music Awards (AMA) e esse grupo de Kpop iria se apresentar e achei o máximo. Por ser filha de coreanos, me senti super representada. A música foi “DNA” que adorei, coreografia divertida, figurino maaaravilhoso cheio de Gucci e Valentino, mas pensei: será que vai durar?
O Kpop surgiu no começo dos anos 90 e
tenta penetrar no mercado ocidental há anos.
Já vi grupos e celebridades grandes como a
CL do 2NE1, SNSD (Girls Generation), Big
Bang, Wonder Girls e etc, não terem
conseguido ao longo das décadas de 2000 e 2010. Entretanto, no mercado oriental as turnês no Japão, Tailândia e Cingapura, se tornaram recorrentes para grandes grupos sul-coreanos.
Então como esses sete meninos vieram parar aqui? Fui atrás e fiquei surpresa já de começo quando descobri que eles não vinham de nenhuma das três maiores gravadoras da Coreia do Sul: SM, YG e JYP – produtoras dos grupos que mencionei acima. Eis que um ex-produtor da JYP, Bang Shi Hyuk, criou sua própria produtora, a Big Hit Entertainment, recrutou os meninos e criou o grupo BTS. Até aí, tudo ok, nada fora do normal do mercado de música da Coreia do Sul. Mas como que eles explodiram internacionalmente?
Podemos voltar um pouco no passado e relembrar dos Backstreet Boys e do Nsync. Recentemente, eu assisti o documentário ‘The Boy Band Con: The Lou Pearlman Story’ no Youtube Premium produzido pelo Lance Bass do Nsync. Nele, você conhece um pouco da história do produtor desses dois grupos icônicos dos anos 90 e a trajetória deles.
O que me chamou a atenção foi que eles conversam bastante sobre a necessidade no mundo pop de uma “boy band” para cada geração, desde os Beatles até o One Direction. Parando para pensar hoje, não temos um grupo de meninos pop americano ou britânico para a os mais novos da geração Z – aqueles que nasceram entre 1994 e 2009 e muitos já são adultos \O/.
Achei esse fator muito importante para o sucesso atual do BTS. A geração dos Army nasceu já nas redes sociais, onde o compartilhamento instantâneo e constante já ficou enraizado. Com todo o esforço realizado dos outros grupos Kpop acima e muitos outros exemplos que tiveram curtos sucessos internacionais ao longo da última década, eles caíram em um contexto de timing muito positivo para a necessidade pop dos jovens atuais.
Agora, se você buscar no Google: “Kpop”, variedade de grupos e estilos é o que não faltam. Vamos para a décima-milésima pergunta deste texto: o que de fato diferenciou o BTS em toda essa jornada de sucesso deles?
Eu vi quase todas as entrevistas deles em talk shows no YouTube como: Jimmy Fallon, Ellen DeGeneres, Graham Norton, James Corden, Stephen Colbert… posso passar horas listando e quero ressaltar esses grandes nomes para mostrar que realmente eles estão bombando em todos os lugares. E o diferencial deles é a visão, refletida nas letras de suas músicas.
Um dos álbuns do grupo se chama ‘Love Yourself’ (‘Ame Você Mesmo’) e em todas as entrevistas eles ressaltam como o amor próprio é importante para todos nós nos encontrarmos como seres humanos e, consequentemente, podermos ajudar mais uns aos outros. Em uma era onde a saúde mental é um tema tratado com muita seriedade e onde a OMS (Organização Mundial da Saúde) adiciona cada vez mais síndromes na lista de doenças como a de Burnout recentemente, a geração Army se conecta genuinamente com as letras das músicas do BTS.
Em setembro de 2018, o grupo foi convidado para falar na 73a Assembleia da ONU, onde eles abordaram a sua campanha com a UNICEF chamada ‘Love Yourself’ como o seu álbum, com o intuito de proteger crianças e jovens contra a violência. O líder do grupo RM ressaltou a seguinte frase: “We have learned to love ourselves, so now I urge you to ‘speak yourself’” (“Nós aprendemos a nos amar, agora peço para ‘falarmos nossa voz’”).
Vindos de um país onde o presidente já falou abertamente sua oposição a homossexualidade e onde o suicídio é um dos maiores causadores de mortes entre jovens, grupos mais mente- aberta como o BTS são raros na Coreia do Sul por medo de retaliação. Essa diferença deles sobre auto-aceitação em suas músicas, com certeza foi o destaque para o sucesso dos sete meninos.
O BTS se apresentou no Allianz Park para mais de 40 mil fãs, teve ingressos esgotados em horas com direito a uma apresentação extra devido a alta demanda, sambaram no show e ainda mencionaram o meme “Juntos e Shallow Now”. Tornaram-se muito queridos por vários no mundo e em especial pelo seu fã clube super fiel, o Army.
Este ano eu vi o BTS apresentando prêmio no Grammys e ganhando prêmio no Billboard Music Awards. Acredito que ainda veremos muito mais desses sete garotos da Coreia do Sul.
Se você quer conhecer os hits do BTS e mais alguns outros grupos de Kpop, fiz aqui uma playlist no Spotify com algumas das minhas músicas favoritas 🙂