A moda está tentando se redimir com o meio ambiente através de parcerias e tecnologia
Talvez você não saiba o nome dela, mas conhece o pai dela. Ou talvez você a conheça como a estilista do vestido de noiva da Meghan Markle no casamento real. A Stella McCartney, herdeira do querido ex-Beatle que visitou nosso país diversas vezes, sempre esteve um passo a frente no quesito sustentabilidade. Em julho, ela saiu em várias notícias da indústria da moda, provando como nunca de que é possível começarmos a produzir e consumir roupas de forma mais consciente.
Resumo do Google sobre a “Stella McCartney”: filha do Paul, estilista, mãe de quatro filhos e ativista dos direitos animais. Possui sua própria marca de produtos de luxo que carrega seu nome e uma longa parceria com a Adidas.
Vegetariana desde pequena, a Stella sempre fez questão de ser sustentável e nunca usar couro ou pele em suas coleções. Sua marca “Stella McCartney” criada em 2001, usa geralmente poliéster reciclado, poliuretano e óleos vegetais para substituir os itens mencionados acima. Entretanto, ela está tentando ir um passo a frente, dessa vez com o plástico. Muitos de vocês devem se lembrar de quando a Adidas anunciou ano passado sua missão de usar somente plástico reciclado em todos seus tênis e roupas até 2024. Seu popular tênis Ultraboost já está disponível na versão 100% plástico reutilizado e a Stella quer participar a fundo da iniciativa desta marca.
Desde 2004, a Stella possui uma colaboração com a Adidas na linha feminina, deixando a moda esporte da marca um pouco mais fashion e ao mesmo tempo deixando alguns produtos com o nome da grande estilista mais acessíveis ao público. É com este foco na acessibilidade e escala que a Stella McCartney e a Adidas decidiram apostar em um protótipo de um moletom e um vestido para praticar tênis de materiais 100% reutilizados.
As marcas fizeram parcerias com duas empresas de inovação têxtil e bioengenharia de materiais e fibras sustentáveis chamadas Evrnu e Bolt Threads. Juntos, eles reutilizaram algodão encontrado em aterros e criaram tecido misturando celulose, água, açúcar e fermento para que ele se decomponha naturalmente mais rápido (diferente do plástico), por exemplo. Bastante ciência que infelizmente eu não sei explicar de forma simples, mas que com certeza está sendo utilizada com um propósito maior.
Stella disse a Vogue Business: “O minuto que eu crio algo, eu potencialmente crio algum desperdício que o planeta não precisa. Talvez se eu mostrar uma alternativa, outros possam seguir meu exemplo”. Foram fabricados somente 50 peças destes protótipos devido a dificuldade e alto custo ainda destes novos materiais e tecnologias criados e como mencionado anteriormente, o objetivo desta ação com a Adidas foi realmente começar algo novo para que isso se torne comum e realista na indústria da moda.
A popularidade da Stella McCartney na área de sustentabilidade e luxo chamou a atenção de outra marca também. A estilista vendeu parte de sua marca para o grupo LVMH – Louis Vuitton Moët Hennessy – e se tornou assessora especial na área de sustentabilidade do CEO do grupo Bernard Arnault. O grupo tem apostado publicamente em ações a longo prazo como a parceria com a estilista. De acordo com o seu CFO (Chief Financial Officer – Diretor Financeiro) Jean- Jacques Guiony: “Sustentabilidade é um fator muito importante e temos trabalhado muito nisso. A nova geração está preocupada e isto é classificado como prioridade alta para ela quando avaliam as marcas”.
Pessoalmente, ações como a da Stella me fizeram pensar e agir da pequena maneira que eu podia na minha própria empresa. Trabalhamos em uma coleção ecológica, onde utilizamos café e açafrão como tingimento, por exemplo. Encontramos fornecedores de tecidos orgânicos e outros que conseguem utilizar menos água na produção de calça jeans. Eu não tinha ideia de que uma calça jeans gastava uns 5 mil L-I-T-R-O-S de água na sua confecção. Reduzir qualquer coisa já é um passo a frente que ela e outras marcas me influenciaram a tomar.
Quando vejo mais exemplos na moda como a Converse criando o All
Star de plástico reciclado, fico feliz de que influenciadores da indústria estão dando seu passo a frente e mostrando a importância de tomarmos uma atitude agora. Quanto maior a escala do nosso consumo destes tipos de produtos um pouco mais sustentáveis, maior será a acessibilidade deles para todos os públicos.
É uma era difícil, onde temos que mostrar inclusão em tudo que fazemos, sendo sustentáveis e rentáveis ao mesmo tempo. E como disse o Obama no meu primeiro texto, nossas habilidades tem que estar preparadas para lidar com estas inovações, seja em bioengenharia e tecnologia na reutilização de todo o material que já usamos, para não ficarmos obsoletos no meio do caminho e engolidos pelas mudanças climáticas.
Finalizo com esta frase da minha inspiração do texto, Stella McCartney: “As roupas não irão a nenhum lugar até o Jeff Bezos mandar todas pro espaço – o que também não é necessariamente a melhor coisa“.
Vou sim usar o pai dela de clichê e deixar a playlist “This is The Beatles” do Spotify, aproveitem 🙂