Já falei sobre várias gerações aqui e aproveitando que foi Dia das Crianças este mês, vim dedicar um texto a Geração Alpha. Infelizmente, não tenho muitos pequenos desta geração perto de mim para ter um parâmetro melhor, mas vou tentar através das interações que tive com filhos de amigos e com as minhas pesquisas. Conheço pais que usam muito o YouTube, como outros que restringem o tempo de tela dos filhos o máximo possível. É interessante ver estas dicotomias de educação e valores entre os pais e como eles estão moldando as crianças de forma bem diferente que os Baby Boomers e a Geração X mais velha.
Resumo do Google sobre a Geração Alpha: aqueles que nasceram e nascerão entre 2010 e 2024. Maioria filhos de Millennials, nunca saberão o que é um mundo sem smartphone e redes sociais. O Instagram nasceu em 2010, por exemplo.
Em setembro, eu escrevi um texto sobre os “Millennials Compressores”, um grupo estressado por tentar resolver várias coisas ao mesmo tempo e que se sente frustado quando vê que nada acontece na velocidade desejada. Assistir aos pais Millennials passando por todo esse furacão de falta de tempo, os Alphas buscarão um estilo de vida mais balanceado. Exatamente pelo fato de eles serem “nativos digitais” e saberem usar um tablet antes de como ir ao banheiro, a Geração Alpha vai tentar remediar o burn out dos pais equilibrando atividades tecnológicas e manuais, como música e tricô.
A mesma analogia da mudança do fast fashion para o slow fashion pode ser aplicada entre as Gerações Y (Millennials) e Alpha. Enquanto muitos de nós buscamos hoje como encaixar a meditação no nosso dia a dia, esta nova geração já crescerá com este ideal de equilíbrio da saúde mental e atividades voltadas ao mindfulness e a importância do sono serão essenciais para a sobrevivência no mundo digital. A cultura da eficiência e agilidade constante não será tão apreciada pelos pequenos de hoje, pois eles focarão na autenticidade e conexão das pessoas e marcas.
Já vemos escolas mudando sua forma de ensino não só na atualização tecnológica, mas também voltadas ao soft skills – habilidades comportamentais, principalmente voltadas a inteligência emocional. Considerando que ao longo do tempo nossa vida tende a ser cada vez mais robótica, essas habilidades humanas criativas irão distinguir mais ainda os futuros trabalhadores das máquinas. Além de aulas de código, matérias de MBAs e especializações atuais como design thinking e gamefication passarão a se tornar mais comum nos currículos de ensinos mais jovens.
Como brinquedos são os primeiros materiais de contato com as crianças, já vemos muitas marcas entendendo o comportamento da Geração Alpha atendendo a demanda do tecnológico versus o artesanal. Um exemplo muito legal é o Nintendo Labo que foi lançado em 2018. São literalmente kits de papelão que se transformam em acessórios como um piano ou um volante e se acoplam ao videogame portátil Nintendo Switch. A criança tem o contato manual com o papelão, deve seguir as regras do guia para alcançar seu objetivo de montar o acessório e tem como recompensa jogar seu videogame de forma mais interativa.
Analisando o âmbito do varejo físico, lojas com espaços que engajam brincadeiras misturando design, games, artes e música tem maiores chances de criar experiências únicas com os Alpha e as gerações mais velhas. A união dos elementos digitais e físicos junto com uma visão mais minimalista e holística de um exemplo de playground interno, ajuda o desenvolvimento da criatividade das crianças no uso de um espaço físico. Outro exemplo que segue esta mesma linha de raciocínio, são as festinhas de aniversário que se tornaram cada mais instagramáveis para os pais Millennials postarem em suas redes sociais, mas ao mesmo tempo com atividades em grupo artesanais e/ou ligadas a natureza para as crianças.
De acordo com o pesquisador de gerações Mark McCrindle: “mais de 2,5 milhões de crianças da Geração Alpha nascem semanalmente no mundo. Quando todos eles nascerem (2025), eles serão quase 2 bilhões de habitantes”. Definitivamente, não dá pra ignorar este mercado em ascensão que ainda temos 5 anos para estudar um pouco mais sobre. Teremos que compreender como viver com uma geração híbrida entre ser humano e máquina que não quer ser engolida por toda a tecnologia disponível a ela. Os Alphas darão mais valor a pequenos momentos e imersões interpessoais, pois essa será a maior carência de uma geração que nascerá com menos irmãos e muitas distrações artificiais ao seu redor.
Fiz uma playlist de “Kids Pop” que pode agradar as crianças e os adultos nas festinhas:
Relatório do Futuro Consumidor 2021 da WGSN: https://lp.wgsn.com/pt-fc2021.html?utm_source=banner-ad&utm_medium=website-wgsn&utm_campaign=fc2021